sexta-feira, 24 de outubro de 2008


A Era digital



Em pouco menos de 50 anos, os computadores deixaram de ser aparato da indústria bélica, sempre em busca de armas e tecnologias de espionagem à prova de inimigos, para se tornarem objeto de decoração nas residências, onde servem de instrumento de pesquisa e entretenimento para toda a família. Essa revolução silenciosa alterou a dinâmica da sociedade e promete grandes mudanças na política, nas artes, na economia, no relacionamento entre as pessoas. Ao criar uma forma de negociação entre empresas e consumidores sem a figura do intermediário, a Internet trouxe o combustível necessário para a explosão do comércio online. Mesmo quem não tem computador e nunca navegou pela Internet participa da sociedade digital.
ReproduçãoOs circuitos eletrônicos são quase onipresentes e os exemplos não faltam. Uma casa típica de classe média sem computador tem cerca de 40 processadores, ou chips, espalhados pelo microondas, videogame, telefone e outros eletrodomésticos. Quando há um PC, o número sobe para 50 chips. Quem usa cartão de banco, faz débito automático ou saque em caixa eletrônico também depende de informações digitais. O mesmo vale para quem acumula milhas aéreas, controla as vacinas infantis e acumula pontos por encher o tanque do carro nos cartões de fidelidade com chip embutido, os chamados smart cards. Enquanto na revolução industrial o automóvel era o maior ícone das linhas de montagem, o Boeing 777 é duplamente um símbolo da velocidade supersônica da era da informação. Totalmente projetado e testado em computadores, o novo jato da Boeing fez seu vôo inaugural nos ares, sem simulações reais, e seu funcionamento é monitorado por 1.300 processadores, dez vezes mais do que os primeiros modelos 707 da companhia a sair de fábrica com controles digitais, nos anos 60.
Darcio de Jesus
Só porque o mundo agora está online foi possível que descendentes das vítimas do Holocausto consultassem, de qualquer lugar do mundo, as contas bancárias de seus familiares confiscadas pelos bancos suíços. Bastava digitar o nome na página da organização Simon Wiesenthal para localizar o dinheiro pilhado pelos nazistas. No mês passado, o Ministério da Cultura da Alemanha colocou à mostra, pela Internet, as 13 mil pinturas, esculturas e livros da coleção Linzer, que reúne obras de arte surrupiadas de famílias judaicas durante a Segunda Guerra Mundial. Outro indicador da era da informação foi a divulgação na Web do relatório do advogado americano Kenneth Starr, com detalhes picantes do caso extraconjugal entre Bill Clinton e a estagiária Monica Lewinsky. Os servidores onde estava a íntegra do Relatório Starr ficaram atolados de curiosos durante dias, em setembro do ano passado. Todos queriam ler os detalhes do depoimento da estagiária, que revelou como Clinton usou charutos numa relação sexual em plena Casa Branca. Apesar de tanto furor em torno da Internet, a riqueza do universo digital não se resume apenas à rede de computadores. Fabricantes de chips e programas pesquisam formas de interligar os aparelhos eletrônicos que nos rodeiam. Máquina de lavar roupa e microondas com acesso à rede, geladeira inteligente, agendas eletrônicas que comunicam-se sem fio com o PC. Tudo isso existe em protótipo ou funcionando. Mas está distante o dia em que, ainda no escritório, ligaremos o forno da cozinha para chegar em casa com o jantar quentinho.
A velocidade das mudanças é tão avassaladora que três das mais importantes tecnologias do momento não existiam há 20 anos: o telefone celular, a Internet e o CD. Hoje os avanços estão em todos os lados: na medicina, na economia, nas artes, no dia-a-dia. No Brasil, as pesquisas apontam que assiste-se menos à tevê e muitos sacrificam horas de sono para trocar e-mails, navegar pela rede ou entrar nas salas de bate-papo online. O horário de pico de audiência na Internet começa ao anoitecer e vai até o início da madrugada, quando as tarifas telefônicas são mais baratas. Outro forte indicador de que algo mudou na sociedade brasileira é a adesão em massa à entrega do Imposto de Renda online. A Secretaria da Receita Federal incentivou a entrega de declarações via computador. Oferecia como recompensa um lugar privilegiado na fila para receber a restituição do imposto, mas o volume de entrega de declarações eletrônicas foi tão grande que surpreendeu o próprio Leão.
A quarta edição da Pesquisa Internet Brasil feita em nove regiões metropolitanas pelo instituto Ibope e pelo site de buscas Cadê? indica que, de dezembro do ano passado até junho deste, 750 mil brasileiros entraram pela primeira vez na rede. Na única pesquisa sistemática realizada sobre o mercado nacional estima-se que existam ao menos 3,3 milhões de brasileiros plugados à rede, o que nos coloca entre os países mais conectados do planeta, embora esse índice represente menos de 5% dos brasileiros. O País ainda engatinha na era digital. No mundo inteiro, 97 milhões de pessoas acessam a Web usando o computador de casa, conforme revela estudo da americana Ovum Ltd. Esse número deve saltar para 240 milhões em 2004. Da mesma forma, as empresas e os executivos plugados que este ano serão 53 milhões, daqui a cinco anos devem somar 180 milhões, segundo a pesquisa. Com preço médio de R$ 35 ao mês, o acesso à rede ainda está longe de ser acessível às classes D e E. Integrantes das classes A e B representam a imensa maioria dos usuários (84%), enquanto 13% integram a classe C, outra vez de acordo com a enquete do Ibope/Cadê?
Leo Caldas/Ag. Lumiar
Velocidade da luz – Com sua habilidade em percorrer milhares de quilômetros na velocidade da luz, o correio eletrônico aproximou pessoas, eliminou fronteiras e aboliu o fuso horário. Fala-se com alguém em Salvador ou em Paris no mesmo instante, como se todos estivessem presentes numa única sala. "Tudo acontece em tempo real, no aqui e no agora, e conversa-se com um colega no Japão com mais facilidade do que se ele estivesse no andar de baixo", compara Silvio Meira, professor titular do Departamento de Informática da Universidade Federal de Pernambuco. Há quase dois anos suas fontes de informação, discussão e trabalho estão restritas à rede e aos livros. "A era da informação é uma combinação de fatores. A tecnologia traz a possibilidade, a ciência vem com a verdade e a arte, com a beleza e o apuro estético", define o professor. Estudioso do impacto da informática no comportamento da sociedade, Meira preside o Centro de Estudos Avançados do Recife (Cesar), organização não-governamental que coloca à disposição das empresas os cérebros mais brilhantes da universidade. O resultado vem na forma de soluções criadas pelos acadêmicos para suprir necessidades práticas das companhias. Meira também avalia o lado crítico da tecnologia. "A missão primeira da computação sempre foi tornar a vida do ser humano mais fácil. Só que aconteceu o contrário. Ninguém previa tamanho aumento da competição no mercado de trabalho."
Tempos modernos – Depois de anos a fio apertando porcas e parafusos nas linhas de montagem das fábricas de automóveis, o ser humano buscava eliminar atividades repetitivas. Pouco a pouco, as máquinas foram eliminando tarefas fatigantes (muito bom!) e substituindo postos de trabalho (nada bom!). No início do século, as fábricas concentravam as massas de trabalhadores. Agora as mãos foram trocadas por eficientes braços mecânicos. Como resultado surgiu uma sociedade baseada na troca de serviços, onde a informação é uma preciosidade, verdadeiro mecanismo de poder. O sociólogo italiano Domenico de Masi relata em seu livro A sociedade pós-industrial (Ed. Senac) que existem mais de mil nomes para designar a fase na qual vivemos. As definições vão desde Sociedade do Capitalismo Avançado, como chamou o economista canadense John Kenneth Galbraith, até Terceira Onda, na opinião do futurólogo americano Alvin Toffler. Ou ainda era da descontinuidade, como preferiu o guru das empresas Peter Drucker. Independentemente do nome escolhido, o que importa é que a vida mudou. "Nos últimos 25 anos deste século que se encerra, uma revolução tecnológica com base na informação transformou nosso modo de pensar, produzir, consumir, negociar, administrar, comunicar, viver, morrer, fazer guerra e fazer amor", escreve o sociólogo catalão Manuel Castells, em O fim do milênio (Ed. Paz e Terra), último volume de uma trilogia monumental sobre as influências da era da informação na sociedade e economia.
Do mesmo modo como rompeu fronteiras geográficas ao aproximar pessoas que se conversam apesar de estar em continentes distintos, o e-mail também alterou a percepção do tempo. Tudo parece mais rápido no mundo da competição globalizada. Fecham-se negócios na rapidez com que uma mensagem pisca na tela. E, se hoje é alto o índice de pessoas que tomam decisões diariamente pelo correio eletrônico, é bom lembrar que a falta de cuidados com o e-mail pode colocar uma empresa em apuros. Foi o que aconteceu com a Microsoft, acusada formalmente de práticas monopolistas por um juiz federal dos EUA. Além dos depoimentos, a acusação tinha como provas uma montanha de e-mails comprometedores. Na correspondência eletrônica, Bill Gates soltava o verbo. Distribuiu ordens para esmagar a concorrência, mencionou produtos, nomes e fatos. Tudo por escrito, com riqueza de detalhes. O que ninguém esperava era ver esses documentos na mão da Justiça, num processo aberto por Washington e mais 19 Estados contra a empresa do homem mais rico do mundo. Depois do susto, muitas corporações recomendaram que os funcionários apagassem documentos confidenciais. O mesmo vale para quem não quer que seus dados pessoais caiam em mãos indesejadas. Apesar da evidente falta de privacidade online, o e-mail revolucionou a forma de comunicação entre as pessoas.
PC sensível – Na conversa digital, contudo, desaparece um fator importante no relacionamento humano: a comunicação não-verbal, traduzida em gestos e expressões que a inteligência do computador jamais vai captar. Para amenizar esse obstáculo, os cientistas dedicam-se a criar máquinas capazes de reconhecer ao menos as expressões de face do seu dono. Atualmente os laboratórios da IBM e do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT) conduzem pesquisas para criar máquinas capazes de capturar expressões de satisfação ou raiva de seus usuários. O objetivo é programar o computador para que ele dê respostas condizentes com a ocasião, como corrigir seu próprio erro e abrir um novo arquivo, por exemplo. Um dos projetos em estudo na IBM é uma tela com sensores embutidos para "pescar" o olhar de quem fica diante do PC. "Em vez de usar o mouse, os olhos poderiam guiar-nos pela tela", descreve Jean Paul Jacob, pesquisador brasileiro do laboratório da empresa em Almadén, no Vale do Silício, e professor na Universidade da Califórnia em Berkeley. "O objetivo da informática é tornar-se invisível aos olhos", explica Jacob. O que não se aplica necessariamente aos sentidos. Embora a idéia de clonar andróides e criar ciborgues esteja próxima apenas dos roteiros hollywoodianos de ficção-científica, existem esforços para que o computador assimile algumas das formas de percepção oferecidas pelos cinco sentidos humanos. A sinergia dos sentidos e da máquina, aliás, foi o tema de debate de diversos especialistas reunidos na Universidade de Chicago, em outubro passado. "Está cada dia mais sutil a fronteira entre a medicina, a física, a biotecnologia e o trabalho dos artistas da era digital", conta Analivia Cordeiro, bailarina que representou o Brasil no congresso de Chicago. Filha do artista plástico Waldemar Cordeiro – pioneiro no País a fazer arte com computação, no início da década de 70 –, Analivia criou um programa para estudar o movimento do corpo e reproduzi-lo em aulas de dança. Outro artista brasileiro que traz a tecnologia na pele é Eduardo Kac, também professor da Universidade de Chicago. Ele implantou um chip no tornozelo e cadastrou-se pela Internet num banco de dados de animais perdidos. Fez isso para mostrar que, no futuro, poderá carregar o chip com dados que ficam armazenados para sempre em seu corpo. Outro de seus projetos é a criação de um cachorro transgênico, que terá inserido no seu DNA trechos do código genético de uma água-viva. Assim, o cão emitirá luz verde fluorescente quando exposto ao sol, como acontece com a água-viva.
Contra o relógio – A mesma tecnologia que oferece uma nova maneira de fazer arte também serve para aumentar a produtividade. Os aparelhos digitais tornam qualquer um localizável a qualquer hora do dia ou da noite. Resultado: trabalha-se demais. "Para continuar competitivas internacionalmente, as empresas não podem contratar funcionários. Quem tem emprego trabalha muito e quase não há distinção entre trabalho e lazer", analisa Silvio Genesini, sócio-diretor da Andersen Consulting, uma das cinco maiores consultorias empresariais do mundo. Assim como ocorreu no século passado, quem estiver preparado para a evolução da sociedade tem mais chances de sobreviver na economia globalizada e baseada na informação digital. O problema é que nem sempre estar preparado para o mercado de trabalho significa arrumar emprego. Segundo Domenico de Masi, professor na Universidade La Sapienza, em Roma, os aparelhos tecnológicos, em conjunto com novas formas de organizar a produção nas corporações, "liberaram um número cada vez maior de pessoas de seu trabalho e, consequentemente, de seu salário. Infelizmente, a evolução social é muito mais lenta do que a científica e a tecnológica, por isso é difícil implementar os mecanismos de redistribuição das tarefas de modo que seja possível trabalhar menos e todos possam trabalhar".
A velocidade dos avanços tecnológicos é tão alucinante que a fabricante de relógios Swatch criou um horário específico para a Web. Nesse novo sistema, o dia começa à meia-noite. Mas o marco zero não é o meridiano de Greenwich e sim a cidade suíça de Biel, sede da Swatch. O dia digital foi dividido em mil beats (batidas, em inglês). Cada um equivale a um minuto e 26,4 segundos. Enquanto um relógio convencional mostra meio-dia, o tempo da Internet indica @500. Com isso, afirma a fabricante suíça, podem-se marcar reuniões por e-mail ou videoconferência sem se preocupar com fuso horário. Embora pareça excentricidade, é certo que no mundo digital não há mais diferença entre fazer negócios, trabalhar, divertir-se ou comprar durante o dia ou à noite, no fim de semana ou nas férias. "O tempo intemporal passou a substituir o tempo cronológico da era industrial", decreta Manuel Castells, professor na Universidade da Califórnia em Berkeley. Todo dia, a qualquer hora, em qualquer lugar, sempre é hora de trabalhar. Foi pensando nisso que o hotel Ritz-Carlton de Kuala Lumpur, na Malásia, resolveu criar uma diária de 24 horas que começa na hora em que o hóspede chega ao quarto. Em função do fuso horário, um executivo americano que decolou de Los Angeles de dia pode pousar na cidade às três da madrugada. Ele não vai mais precisar aguardar o check-in do dia seguinte. Nem botar as malas fora do quarto ao meio-dia no dia da partida.
Os reflexos da nova sociedade são mais visíveis na economia, mas a esfera política também precisa adequar-se. Em Washington, os analistas comemoram o fato de que candidatos antes alijados do processo eleitoral por falta de recursos hoje disputam o mesmo espaço com políticos dotados de orçamentos milionários: um site na Web. "Na próxima década haverá a convergência entre telefone, televisão, satélites, emissoras de TV a cabo e Internet. O usuário então terá muito mais poder para decidir o que lhe interessa", diz o venezuelano Gustavo Cisneros, presidente do Grupo Cisneros. Eleito há dois anos um dos homens mais poderosos do mundo pela revista americana Vanity Fair, o magnata latino-americano das comunicações comanda 12 emissoras de tevê, a operadora por satélite DirecTV e tem 50% do provedor de acesso que a America Online acaba de inaugurar no Brasil. "O acesso aos meios tecnológicos garante uma pressão muito maior da sociedade sobre seus governantes", resume Cisneros. No cenário internacional, a revolução digital deixa evidente que a ameaça pode partir de um único PC escondido num remoto canto do planeta
Movimento Hippie
Espalhados em feiras de artesanato, nas esquinas, nas ruas, em portas de bares e bazares, os herdeiros do movimento hippie norte-americano - que protestou contra a guerra do Vietnã e suplicou por paz e amor - dispensaram a ideologia e ficaram apenas com a sobrevivência através da arte. “Micróbios”, “Artesãos”, “Malucos” ou “BR”, como se intitulam; não possuem moradia fixa, viajam para todos os cantos do país e atestam que o “movimento hippie morreu”.
As influências permanecem: são contrários ao estilo de vida yuppie, que caracteriza jovens de 20 a 40 anos recém-formados em uma busca incessante pela ascensão na carreira e bens de consumo. Não suportam a hierarquia e regras do mercado de trabalho formal - principal motivo da escolha de um modo de vida alternativo. Produzem sua própria arte com instrumentos simples como alicate, martelo, tesoura e arame. A bebida, o fumo e os alucinógenos são inseparáveis companheiros de estrada.
“O que sobrou do movimento hippie é isso: “arte na veia”, explica o artesão Raul Andrade, 27 anos. Raul já vagou pelas ruas sem rumo, “dava uma de micróbio”, diz. Hoje tem endereço fixo, mas vive viajando. Quando perguntado sobre o que caracteriza o hippie, argumenta: “Alguns cultivam a arte”. Tem cara que sobe em poste e pega cabo de telefone para fazer um colar. Esse eu considero hippie, agora tem gente que compra na Rua 25 de março e vem vender na Avenida Paulista”.
Maria Emília, 49 anos, é das antigas. Abandonou o curso de letras na Unicamp em 1979 e foi viver em uma comunidade rural no Mato Grosso. “Foi uma experiência interessante, mudei muito”. Maria hoje vive de vender artesanato na Angélica, avenida de classe alta em São Paulo. Sobre o movimento hippie, acredita que já passou, mas lembra conquistas. “O movimento já não cabe nesse sistema, mas muita coisa mudou. Não é mais um choque fumar na rua ou usar esse ou aquele tipo de roupa”.
Os atuais “hippies” passaram a ser divididos em categorias: o micróbio é o que mora nas ruas, é desencanado com a aparência e geralmente consome mais drogas que os demais; o artesão vive da sua própria arte, faz tudo com originalidade, mas é ligado à família e tem moradia fixa; os malucos são um misto de micróbio e artesão: têm casa, vivem da arte, mas de vez em quando não resistem à boemia; e o BR é o que fica nas estradas pedindo carona e viajando pelo país.
Raul chega a vender um colar por R$1,50. “Demoro uma semana para confeccionar um colar desse”. Na banca, o ex-micróbio com carteirinha de artesão emitida pela prefeitura, tem outros artefatos interessantes, como dentes de javali e uma bolsa feita com a pele de uma cobra que encontrou na Serra da Cantareira, vendida por R$ 50,00. Interrompido por uma artesã que pergunta se qualquer um pode expor, Raul demonstra a irmandade dos hippies: “É só chegar e arrumar um espaço livre”.
Alguns produtos comercializados causam problemas com a polícia como as maricas, espécie de cachimbo usado para tudo - inclusive para o consumo de crack. “Tem um monte de tabacaria que vende marica, mas como estamos na rua, os caras querem tomar nossa barraca e falam em apologia”, revela o artesão Pablo Alexandre, 25 anos. Sua companheira de trabalho, Andressa de Moraes, de 18 anos, já recebeu críticas de clientes. “Tem gente que fala se não é melhor pra mim que eu tenha um emprego fixo, mas eu prefiro fazer o meu próprio horário”.
Daniel dos Santos, Vidal Antônio, ambos com 21 anos, e Peterson Mendes, de 22 anos, consideram-se “micróbios”.
Membros de um grupo de aproximadamente sete pessoas, vão para onde querem na base da carona e do dinheiro que conseguem com a venda de artesanatos. Daniel tem um pai que é artesão e faz barcos de madeira dentro de garrafas de vidro. Apaixonado pelo ofício desde criança, caiu no mundo: “Faço tudo de coração. Pego o dinheiro que recebo, bebo uma cerveja, fico louco e é isso” diz, revelando nenhuma aspiração de consumo.
“Não somos hippies, o movimento ficou no passado, pertence a um grupo de um tempo específico, mas vivemos da nossa arte e estamos fazendo nossa própria vida”, revela Peterson, que se indigna com o tratamento que é dado ao trabalho do artesão no Brasil. Na presença da reportagem do Guia da Semana, parava pessoas na Avenida Paulista: “Você quer dar um minuto da sua atenção à arte brasileira?”. Sem resposta, conclui: “é por isso que ainda representamos um movimento de resistência”.



O Hippie ficou Pop

Outro fator importante na cultura hippie foi a popularização que alcançou - até a Sandy interpretou uma no papel de Cristal da novela Estrela-Guia. Presentes nos mais variados artigos, roupas, acessórios, incensos, batas, saias, é possível encontrar hippies e seus artesanatos em feiras espalhadas pela cidade: em São Paulo, na Praça da República e na Avenida Paulista é comum encontrá-los durante a semana, mas são realizadas feiras especiais aos sábados e domingos. Na feira da Praça Benedito Calixto, em Pinheiros, além de antiguidades, a cultura hippie também pode ser vista aos sábados. Moda hippieMuitas peças e acessórios foram eternizados por meio dos hippies: estampas multicoloridas, tecidos de estilo cashmere de roupas indianas, calças boca-de-sino com sapatos plataforma, bordados em roupas e bolsinhas de mão, bolsas de crochê, faixas na cabeça, óculos de sol redondos, brincos compridos, lenços, etc. E os neo-hippies?São os que de algum modo acreditam no ideário hippie, mas não cultivam o mesmo estilo de vida de seus antecessores. Criticam o Bush e a guerra do Iraque, embora não representem um movimento maciço de contestação. São considerados por muitos críticos como apenas um movimento de moda da classe média alta - alavancada pelas raves e a cultura trance nos anos 90. Dreadlocks, roupas coloridas, malabares, alucinógenos e drogas sintéticas, bem como o revival de clássicos do psicodelismo dos anos 70 são outros estereótipos que compõem os chamados neo-hippies.





A Queda do Muro de Berlim na Comunicação...





A partir da queda do Muro de Berlim, em 09 de novembro de 1989, muito se soube sobre o desencanto com o Socialismo e sobre o malogro de ideologias de esquerda que o tomavam como premissa básica. Porém, considero importante a reflexão sobre o que significou a denominada ‘falência’ do Socialismo para as forças partidárias e políticas de esquerda de nosso país, buscando saber até que ponto estes ideais socialistas sobrevivem e permeiam tais ideologias, constituindo-se numa alternativa política e social para o Brasil.
Em termos de Brasil, a queda do Muro de Berlim permitiu que a direita tradicional, junto com o discurso internacional do fim do socialismo, fizesse uma campanha de ‘morte do socialismo’. Nos movimentos sociais e nas organizações de esquerda, houve muita confusão. Setores que sempre foram contra o socialismo real se sentiram abatidos também. Os trabalhadores, os proletários, aqueles de classes menos favorecidas foram bombardeados com a idéia do fim do socialismo, o que gerou uma perda de referências ideológicas. Vemos que o país passou a ser alvo de políticas de consolidação da hegemonia dos EUA, que buscavam efetivar aqui a abertura de mercados sob seu domínio; um processo iniciado a partir da crise dos partidos de esquerda e com a ascensão do governo Collor (1990 a 1992). No Brasil, a partir da vitória de Collor e em uma conjuntura internacional favorável ao imperialismo, houve a implantação para valer do neoliberalismo: privatizações, sucateamento da economia nacional, abertura total da economia e desemprego crescente. No plano político, marasmo e derrotas nos movimentos sociais e adaptação cada vez maior das direções de esquerda ao regime – fator preponderante na explicação das vitórias do neoliberalismo nesse período. A falta de um programa mais articulado e alternativo ao capitalismo, aliado a um regime socialista internacional bastante vulnerável, autoritário e em franca decadência, resultou na marginalização dos PCs, sobretudo entre as classes subalternas. Os PCs brasileiros mantiveram estruturas partidárias do Leste europeu e não conseguiram projetar um programa com especificidades brasileiras. Não obstante, os partidos brasileiros de esquerda deixaram em segundo plano muitos referenciais que possibilitavam a pressão das classes subalternas em relação às dominantes, abrandando as lutas de classes, passivizando as ideologias de esquerda e desenvolvendo uma política contrária ao radicalismo grevista, característico dos anos de 1970 / 1980. Tomemos como exemplo o PT (Partido dos Trabalhadores), um partido de esquerda independente da década de 1980, que mantinha maior identidade com as classes menos favorecidas. No final da década, com o colapso socialista, sob a tentativa de se reformar, o PT caiu em um programa democrático que variava entre uma democracia representativa e uma tentativa de constituir uma democracia participativa – ambos os projetos extremamente precários e superficiais. Neste processo confuso, com tendências à diminuição das tensões classistas, a esquerda brasileira se viu envolvida em constantes contradições, o que favoreceu o avanço das políticas de direita no país. Imperou a partir de então, não somente no Brasil, mas também internacionalmente, uma profunda e visível desorganização partidária, que facilitou a consolidação de projetos conservadores no período pós-desestruturação do socialismo. Com os acontecimentos de 1989, o PT passou a problematizar a questão democrática e os paradigmas utilizados nos partidos de esquerda até então, por exemplo, a centralidade da luta nas causas proletárias pelo socialismo, um dos principais fatores que desencadearam a crise do socialismo no interior do PT. A maioria das correntes de esquerda, ainda que sem admitir expressamente, adaptou na prática sua política à tese de ‘morte do socialismo’, passando abertamente a se propor a administrar o capitalismo e se integrando à defesa do regime democrático burguês, tendo como eixo absoluto de atuação as instituições deste regime. A queda do Muro pegou o PT em plena campanha eleitoral e, em primeira instância, não afetou o partido, que chegou ao segundo turno das eleições. Foi no segundo turno que os partidos liberais passaram a usar a queda do Muro de Berlim contra o PT, apelando para a modernidade, frente aos projetos derrotados da esquerda internacional.Assim, a proveniente derrota de Lula, em 1989, entrou para o rol de todas as derrotas da esquerda internacional, trazendo a crise do socialismo para o Brasil, quando também alguns aspectos referentes ao socialismo e aos métodos para alcançá-lo passam a ser questionados – surge a era do ‘consenso democrático’. O momento vivido pelo Brasil era de implantação do projeto neoliberal e foi justamente aí que, em virtude da situação mencionada, o sindicalismo passou por fases de imobilismo, de redução de greves e tensões, revelando o primeiro dos grandes refluxos vividos pelas bases do PT. Não obstante, a crise do socialismo gerou, para o PT, acontecimentos que vieram a reorganizar suas posições, no sentido de tentar ampliar suas bases sociais e sua intervenção nas classes subalternas e médias. A organização do proletariado era o elemento identitário mais forte do PT na sua fundação e foi justamente esta identidade que mais sofreu depreciações com o colapso do socialismo. Enquanto isso, tendências internas do PT passavam a excluir do partido as forças que não se enquadravam nas normas partidárias, como foi o caso de um de seus grupos internos: a Convergência Socialista (CS) que, em 1992, foi levada a se retirar do partido. Sobre esta cisão interna do PT, Altemir Paulo Cozer contribui: “(...) a Convergência Socialista, corrente de orientação trotskista, que sempre combateu a deformação do socialismo colocada em prática por Stalin desde 1923. Nós vibramos com a queda do Muro e do aparato stalinista.
Classificamos os movimentos que derrubaram o muro e a URSS, como revoluções, como dizia Trotsky, revoluções políticas. Foram movimentos de massa contra a burocratização e a queda do nível de vida da classe imposto pela burocracia. Nós nos dedicamos a divulgar os fatos do leste europeu como uma vitória dos trabalhadores do mundo todo. Combatemos a ofensiva ideológica imperialista do fim do socialismo. E reafirmamos que a revolução socialista e o socialismo estavam mais vivos do que nunca.”20 É consenso, entre os entrevistados, que um dos mais polêmicos aspectos da crise do socialismo foi a sua correlação com a chamada crise do proletariado, bem como o êxito obtido pelo PT em crescimento eleitoral e, em contradição, seu fracasso, sob a forma do avanço do projeto neoliberal, que privou seu discurso do apoio das massas, já que o nacionalismo estava desgastado pela globalização. A vitória do neoliberalismo no período em questão, o discurso do fim do socialismo, a política das direções mais reconhecidas da esquerda de adotar a defesa do regime democrático burguês e a administração ‘humanista’ do capitalismo provocaram profundas mudanças na consciência da sociedade e, em particular, da vanguarda mais participativa e militante. É o que comprovam as palavras de Victor Hugo Ghiorzi: Na população em geral, após o ‘soluço’ da queda de Collor, canalizado para a institucionalidade com a assunção de Itamar Franco, houve um recuo
imenso na participação em processos políticos não eleitorais: greves, passeatas, mobilizações, protestos, dias de lutas, etc. A vanguarda, em sua esmagadora maioria, dividiu-se entre o caminho de casa e o dos gabinetes, representada pelo acompanhamento da política das direções.21 Sem sombra de dúvidas, ocorria no mundo uma grande mutação, que marcaria a virada da história do século XX. As mudanças mais visíveis nos partidos de esquerda do Brasil culminaram, em 1992: no PT, com a expulsão da tendência minoritária da Convergência Socialista e a conseqüente formação do PSTU; no PCB, com mais uma secessão do partido e a formação do PPS; no PC do B, com a adoção de um novo discurso trazendo críticas (até então inéditas ao partido) ao stalinismo. Na transição da década de 1980 para a de 1990, o resultado desta crise ainda era uma questão aberta, mas que dava margens a prever que as alternativas para as esquerdas viriam sob a forma da busca de um regime que se aproximasse da democracia socialista.

Porém, é importante termos em mente que os debates que tratam sobre a ascensão das esquerdas ao poder não surgem de maneira repentina, exatamente emseguida ao episódio da queda do Muro de Berlim e do declínio do socialismo em âmbito internacional. Analisando fontes de relatos de reuniões e conferências internas dos partidos de esquerda, especialmente do PT, vemos que, ainda nos anos anteriores a 1989, as discussões sobre as posturas e os caminhos a serem tomados de forma a afirmar a esquerda política e socialmente já eram freqüentes. Em 1986, José Dirceu e Wladimir Pomar afirmavam que o PT enfrentava diversos desafios decorrentes de sua postura anticonservadora e que o Partido, como um todo, teria que fazer um grande esforço para entender a própria sociedade brasileira, correndo o risco de ver muitos de seus militantes abraçarem as respostas de grupos sectários (como de fato ocorreu). A perspectiva apontada no período era de se buscar uma ‘via socialista’ para o Brasil por meio do profundo conhecimento do capitalismo no país, de seu estágio de desenvolvimento e de suas formas de expansão. Neste contexto sócio-político, vemos que negar-se a jogar no mesmo campo que a centro-direita levaria a esquerda à marginalidade política, portanto esta última, nos anos seguintes ao declínio do socialismo, necessitava de um programa, uma alternativa que lhe desse o prumo. O dilema era ter que escolher entre a defesa de um modelo diferente (socialista) ou se adaptar e se moldar aos existentes, buscando modificar alguns de seus pontos sem, contudo, se opor por inteiro ao status quo.

Democracia e a Comunicação...

A história da democracia no Brasil é conturbada e difícil. Vencida a Monarquia semi-autocrática e escravista, e após a fase democratizante mas turbulenta da República da Espada de 1889-1894, a República Velha conhece relativa estabilidade. É, porém, a estabilidade oligárquica dos coronéis e eleições a bico de pena, que após 22 entra em crise. Com frequência sofre o trauma dos estados de sitio, ante movimentos armados contestatórios ou disputas intra-oligárquicas que fogem ao controle, para não falar da repressão a movimentos populares.
• A Revolução de 30 não efetiva sua plataforma de liberalização e moralização política. Vargas fica 15 anos à frente do Executivo, sem eleição. A ordem constitucional tardiamente instaurada com a Assembleia de 34 dura apenas 3 anos. Segue-se em 37-45 a ditadura do Estado Novo, com Parlamento fechado, partidos banidos, uma Constituição outorgada e ainda assim desobedecida, censura, cárceres cheios, tortura.
• A democratização de 45 sofre o impulso externo da derrota do nazismo. Internamente não enfrenta maior resistência, até porque o antigo ditador adere a ela, decreta a anistia, convoca eleições gerais, legaliza os partidos. A seguir, o golpe de 29/10/45 e o empenho conservador do gen. Dutra impõem-lhe limites. O regime instituído pela Constituinte de 46 é uma democracia formal. As elites governantes da ditadura estadonovista reciclam-se, aglutinam-se no PSD e conservam sua hegemonia. O gov. Dutra é autoritário: intervém em sindicatos, devolve o PC à ilegalidade, atira a policia contra manifestações.
•A instabilidade é a outra marca da democracia pós-45Após o golpe militar de 29/10/45, vêm os ensaios de ago/54, nov/55, ago./61 e outros menores. A UDN contesta as posses de Getúlio, JK e Goulart com apelos à intervenção das Forças Armadas. Confirmase a imagem, criada na Constituinte pelo udenista João Mangabeira, que compara a democracia a "uma planta tenra, que exige todo cuidado para medrar e crescer".
• O golpe de 64 trunca a fase democrática ao derrubar pela torça o pres. Goulart. Pela 1a vez no Brasil, as Forças Armadas não se limitam a uma intervenção pontual; assumem o poder político enquanto instituição, dando início a 2 décadas de ditadura.
• A ditadura militar de 64-85 é a mais longa e tenebrosa fase de privação das liberdades e direitos em um século de República. Caracteriza-se pelo monopólio do Executivo pêlos generais, o arbítrio, a sujeição do Legislativo e do Judiciário, as cassações, a censura, a repressão militar-policial, a prisão, tortura, assassinato e "desaparecimento" de opositores. Sua 1a fase, até 68, conserva resquícios de ordem constitucional e impõe certos limites à ação repressiva; a 2a, de 68-78, à sombra do Al-5, leva ao extremo o arbítrio e a repressão; a 3a, crepuscular, é de paulatino recuo, sob os golpes de uma oposição que passa da resistência à contra-ofensiva.
• A consciência democrática surgida na resistência à ditadura introduz um elemento novo na vida política. Pela 1a vez transborda de setores urbanos minoritários para as grandes massas, enraiza-se nos movimentos de trabalhadores das cidades e do campo, estudantes, moradores, intelectuais e artistas, ação pastoral da Igreja, órgãos de imprensa e outras áreas de uma sociedade civil que se organiza. Cria um vinculo em grande parte inédito entre direitos politicos e direitos econômico-sociais, um patamar novo de cidadania, mais abrangente e exigente. Sua expressão mais visível é a Campanha das Diretas-84. Depois dela, a ditadura negocia apenas as condições e prazos do seu desaparecimento.
• A democratização de 85 é conduzida pêlos moderados do PMDB e a dissidência do oficialismo que forma o PFL. Após a derrota da Campanha das Diretas, adota a via de vencer o regime dentro do Colégio Eleitoral que ele próprio criou. Negociada com expoentes do Sistema de 64, traz o selo da conciliação, típico das elites brasileiras desde 1822. Mas traz também a marca da ebulição politico-social de massas que na mesma época rompe os diques erguidos desde 64. O resultado, expresso na Constituição de 88, é uma democracia mais ousada e socialmente incisiva, se comparada à de 45, embora sua regulamentação e aplicação permaneçam sempre aquém do texto constitucional.
•O impeachment de Collor põe à prova as instituições da Nova República. Estas passam no teste sem quebra da ordem constitucional democrática, graças a intensa mobilização da opinião pública e a despeito do apego do presidente a seu cargo. Porém a emenda constitucional que institui a reeleição (28/1/97) e várias outras cogitadas pelo bloco de apoio ao gov. FHC (volta do voto distrital, fidelidade obrigatória, restrições à liberdade partidária) indicam que o regime político está longe de estabilizar-se.
• O sistema de governo, presidencial ou parlamentarista. é submetido a plebiscito em 21/4/93, por determinação da Carta de 88. Embora as elites se apresentem às urnas divididas, o eleitorado reafirma o presidencialismo em todos os estados e por expressiva maioria (mais de 2/3). motivado em especial pela defesa da eleição direta para presidente.





•O Brasil pós-30, visto em perspectiva, alterna longos períodos de ditadura e instabilidade e momentos, bem mais curtos e não menos conturbados, de certo revigoramento democrático (30-35, jan-out/45, 56-64). Em 7 décadas. apenas um presidente (Juscelino) consegue a proeza de eleger-se pelo voto, cumprir o mandato e empossar um sucessor também eleito, A democratização pós-85 ainda é apenas uma promessa de superação desse ciclo histórico.
• As Forças Armadas intervêm pela violência na vida política da República, com frequência e desenvoltura crescentes, até estabelecerem seu monopólio sobre o poder com o regime de 64.0 jacobinismo republicano florianista desdobra-se no tenentismo dos anos 20 e desagua na Revolução de 30, já cindido em 2 vertentes opostas. Uma, nacionalista e com sua ala esquerda, engaja-se na campanha do Petróleo é Nosso, garante a posse de JK em 55 e Goulart em 61, forma o dispositivo militar do gov. Jango. Outra cria estreito vinculo com os EUA após a Campanha da Itália, assume a ideologia da Guerra Fria, empenha-se nos pronunciamentos militares de 45-61, protagoniza a conspiração anti-Jango e o golpe de 64. Entre outras coisas, 64 representa um ajuste de contas entre as 2 tendências, com a derrota estratégica embora não definitiva da 1a.
• O regime militar degrada seriamente a imagem das Forças Armadas. Afora o desgaste inerente ao exercício de uma função alheia à sua natureza, o estamento militar arca com os revezes econômicosociais e, sobretudo, com o ónus da repressão, das torturas e assassinatos. Embora a maioria dos oficiais e praças não se envolva diretamente na ação repressiva, toda a corporação acaba afetada pela conduta dos órgãos de segurança e seu comando, que se confundem com ó regime.
• A volta aos quartéis inicia longa e muda purgação. Porta-vozes militares opinam durante a Constituinte sobre o papel das Forças Armadas; mais tarde propõem o esquecimento do passado repressivo nos anos de chumbo; mas em geral silenciam, mesmo no delicado episódio do impeachment. Entretanto, o fim da Guerra Fria e a globalização sob a égide dos EUA reabrem o debate sobre Forças Armadas e soberania nacional em países como o Brasil, ao proporem, por exemplo, a internacionalização do combate ao narcotráfico, da preservação ambiental e em especial da Amazónia. Os militares brasileiros enfrentam, ao lado do peso do passado, do corte de verbas e da rebaixa dos soldos, o desafio de formular um pensamento estratégico pós-Guerra Fria.
• Uma humilhante derrota macula os 1" passos do parlamento brasileiro: a 12/11/1823 d. Pedro l dissolve pela força a 1a Assembleia Constituinte aberta 6 meses antes; o dep. António Carlos de Andrada, ao deixar o prédio cercado pela tropa, tira o chapéu com ironia para "Sua magestade, o canhão". Cria-se ai um padrão: a submissão do legislador ao canhão.
• O parlamento é débil desde o Império, onde o monarca nomeia os senadores e dissolve a Câmara quando lhe convém. Vinda a República, o pres. Deodoro decreta em 3/11/1891 o fechamento do Congresso, não etetivado porque o governo cai em seguida. A República Velha mantém o legislativo aberto, mas degrada-o com as degolas que manipulam sua composição. Após a Revolução de 30 o Brasil fica 3 anos sem Congresso [3.2], volta a tê-lo por outros 4 e passa mais 8 sem ele. A República de 45 em certa medida fortalece o legislativo. Mas o regime de 64 submete-o aos piores vexames, do simulacro de eleição de Castelo ao Pacote de Abril, passando pelo Al-5.
• Os partidos políticos refletem essa debilidade, a vida democrática precária, intermitente ou inexistente, e certo pragmatismo da elite governante, avesso a engajamentos ideológicos ou programáticos. O sistema partidário brasileiro é frágil e instável inclusive em confronto com outros países latino-americanos.
•Os 1° partidos assim chamados, das vésperas do Grito do Ipiranga ao início das Regências, não são organizações. nem sequer agremiações, mas correntes de pensamento, fluidas e imprecisas. Só no debate do Ato Adicional de 1834 formam-se o Partido Liberal e o Conservador, a 1a geração de partidos propriamente ditos.
•A República varre com as agremiações da Monarquia e produz a 2a geração partidária. Sua característica é a fragmentação em legendas estaduais, acompanhando o federalismo centrífugo da época. Predominam os Partidos Republicanos, alguns formados antes de 1889 (o de SP é de 1873), todos (exceto, em parte, o do RS) com precária nitidez programática e estruturas fluidas, descentralizadas, assemelhadas a confederações de coronéis.
• O Partido Comunista foge a esta e outras regras. Fundado em 22. como seção da 3a Internacional, com bases no movimento operário, tem caráter nacional e perfil programático e ideológico incisivo (revolucionário, marxista). Mesmo proibido, clandestino, perseguido, às vezes selvagemente (35-42, 64-79). mesmo assim atravessa as sucessivas gerações partidárias da República.
• Os revolucionários de 30 não conseguem estruturar um partido próprio, permanecendo no estágio mais rudimentar dos clubes (Legião Revolucionária, Clube 3 de Outubro). As siglas criadas em 31-37 chegam a centenas, mais uma vez com abrangência estadual (a Ação Integralista é a exceção mais notável). O golpe do Estado Novo dissolve a todas, sem maior resistência, e assume o discurso de que os partidos são uma ameaça à unidade nacional.
•A democratização de 45 introduz novidades. Os partidos da 4a geração ]têm, na maioria, caráter nacional, um mínimo de consistência programática e identidade própria. No entanto, as tensões políticas que se agravam levam ao seu esgarçamento, acelerado nos anos 60. As principais legendas se dividem em questões decisivas, cristalizando alas que atuam e votam à revelia das deliberações partidárias. A vida política e polarizada por coligações e frentes informais, que não coincidem com as siglas existentes, que João Mangabeira considera "mais partidas e partilhas do que propriamente partidos". Uma reestruturação de vulto parece iminente quando sobrevêm o golpe de 64, preparado e desfechado à margem dos partidos; no ano seguinte, o Al-2 encerra a experiência pluripartidária.
•O bipartidarismo imposto pelo Al-2 (27/10/65) realiza um antigo sonho conservador ao unificar na Arena o PSD e a UDN, sob a batuta do regime militar e com a tarefa de dar-lhe sustentação politico-parlamentar e eleitoral. No PMDB ficam os que se opuseram ao golpe, depurados pelas cassações. Seus defensores invocam o modelo dos EUA, e/ou a instabilidade derivada de um número excessivo (13) de siglas. Mas a experiência bipartidária acaba voltando-se contra seus autores, tendendo progressivamente a transformar cada eleição em um julgamento plebiscitário do regime de 64. A Arena, criada para ser governo, reflui, enquanto avança o MDB, a começar pêlos grandes centros urbanos. Antes de confrontar-se com uma derrota eleitoral decisiva que parece inelutável, o regime muda novamente as regras do jogo: encerra a 5a geração partidária, impõe a extinção compulsória da Arena e do MDB e a volta do pluripartidarismo.
• O quadro partidário atual forma-se a partir da reforma de 22/11/79, em um quadro de ascenso dos movimentos politico-sociais de massas, fim do Al-5, anistia e retorno de certas franquias democráticas; o regime militar resiste, mas já em seu crepúsculo. Nesta 6a geração o corte não é tão abrupto: o PMDB é em essência continuação do MDB; o PDS-PPR-PPB dá sequência à Arena: o PDT recupera em parte a herança, o perfil e os quadros do PTB pré-65. O novo leque partidário sobrevive à democratização de 85, mas sofre deslocamentos de vulto: o PMDB, após as dissidências originadas pela reforma de 79. sofre em 88 outro cisma, que dá origem ao PSDB; o PSD divide-se na crise de 84, quando surge o PFL; em 85 o n° de siglas sobe bruscamente, para mais de 40, mas em geral sem maior expressão: os comunistas alcançam afinal uma legalidade relativamente estável; em 97 o PT, PDT e PCdoB formalizam na Câmara um bloco oposicionista.
•As gerações partidárias brasileiras, em resumo, são; a fase preliminar dos partidos inorgânicos, somando 14 anos (1820-1834); a 1a geração, do Império, com 55 anos (1834-1889); a 2a, da República Velha, 41 anos (1889-1930); a 3a, pós-30, 7 anos (30-37); superado o interregno estadonovista, vem a 4a geração, com 20 anos (45-65); a 5a. pós-AI-2, dura 14 anos (65-79); e há a 6a, a partir da reforma de 79, ainda em curso.
•O Congresso dos anos 90 funciona sem interrupções desde 15/4/77, um recorde não atingido desde 30. Forma o núcleo do Colégio Eleitoral que encerra em 15/1/85 o ciclo de 64. Atendendo a forte pressão da opinião pública, decide o impeachment de Collor (29/9-30/12/92). Entretanto, vive problemas estruturais e de imagem que permitem falar em uma crise do Legislativo.
•A distorção nas bancadas estaduais na Câmara, acentuada pela ditadura e mantida pela Constituinte, dá ao eleitor de RR peso 18 vezes superior ao do de SP. Os estados menores são super-representados em detrimento dos maiores, também os mais urbanizados, com sociedade civil mais organizada e reivindicativa: SP conta 70 deps. federais (o teto permitido) quando a proporcionalidade indicaria uma bancada de 110.
•A relação com o Executivo, vencida a coação ditatorial. não evolui para a independência e harmonia, O Executivo, na falta dos Decretos-Leis aprovados por decurso de prazo sob a ditadura, substitui-os pelas medidas provisórias, editadas e reeditadas com crescente semcerimônia pêlos presidentes da Nova República. Estes garantem maiorias parlamentares governistas em um balcão de negócios que vai do tisiologismo aético ao suborno ilegal; a gestão Sarney vale-se da outorga de 1.091 concessões de rádio e TV; em 16/4/97 vem à luz a denúncia, abafada mas não desmentida, da compra de votos de deputados do AC para votarem a emenda constitucional que permite a reeleição de FHC. A imagem do parlamento e dos parlamentares (malgrado as exceçòes) se degrada, associada à inoperância, oportunismo e corrupção, mas o descrédito, paradoxalmente, apenas reforça o status-quo.

O Rádio e o surgimento da Rádio AM





O rádio é o meio de comunicação com maior presença no territóriobrasileiro, assim como no resto do mundo, e também o de maior popularidade. Seu papel é de levar especialmente informação a população de diversas partes do mundo, mesmo que habitando regiões vastas, densas e de difícil comunicação com o meio exterior. A linguagem do rádio é a via oral, onde o locutor narra e o ouvinte apenas ouve, não necessitando de um público alfabetizado, diferentemente dos jornais com seus textos e da televisão quando exibe caracteres. Analisando o espaço, o rádio é capaz de ser ouvido em regiões remotas, de difícil acesso, o que também pode gerar o fato do rádio se tornar regionalista, pois o interesse do pequeno povoado é praticamente naquela região.
No país o rádio teve origem no Rio de Janeiro, que foi a primeira cidade brasileira a ter uma emissora de rádio. Mas segundo dados antigos, amadores faziam experiências com sons, que em muito se assemelhavam com o rádio carioca, isso em 1.919, na capital pernambucana, Recife. Isso se deu graças a um transmissor oriundo da França, que deu origem a Rádio Clube de Pernambuco por Oscar Moreira Pinto, que se associou a Augusto Pereira e João Cardoso Ayres.Porém é tida como data oficial de inauguração do rádio, o dia 7 de setembro de 1.922, no Rio de Janeiro, onde o então presidente da república Epitácio Pessoa, discursou sobre o acontecimento.
A implantação do rádio pode ser considerada no dia 20 de abril de 1923, data que ficou marcada pelo período de instalação da radio difusão no país. Nesta data entrava no ar a Rádio Sociedade do Rio de Janeiro, de propriedade de Roquette Pinto e Henry Morize, sendo uma emissora de caráter educativo.O rádio surgia como um meio de comunicação para a elite, pois os aparelhos receptores eram caros, e tinham que ser trazidos do exterior para o país. Como a programação era voltada à educação e as ciências, foi criado também um estigma de que era um veículo para intelectuais e não para a classe operária da época.A programação tinha óperas, poesias, concertos, palestras e temas educativos. Apesar disso, o empresário Roquette Pinto, tinha a convicção que em um futuro próximo o rádio se transformaria em um importante meio de comunicação da grande massa.Ainda na década de 20, o rádio começava a se expandir pelo Brasil. As emissoras antigamente eram mais conhecidas como clubes ou sociedades, pois tinham em suas origens, a participação ativa de membros dessas organizações, que assim como Roquette Pinto, acreditavam no sucesso do rádio.O rádio era sustentado por doações de empresas privadas ou públicas, com mensalidades dos ouvintes que possuíam os aparelhos receptores e em alguns momentos por anúncios, que na época era uma prática irregular segundo a legislação daquele período.Nos anos 30, a situação do rádio mudava. Os comerciais da época eram chamados de reclames, e diferentemente de períodos anteriores, já tinham uma livre circulação nas emissoras. A publicidade foi liberada através do Decreto número 21.111, de 1o de março de 1.932, que regulamentou o Decreto número 20.047, de maio de 1.931, primeiro diploma legal sobre a radiodifusão, que surgiu nove anos depois do surgimento do rádio no país. Nesta época o governo classificava o rádio como “serviço de interesse nacional e de finalidade educativa”.Os comerciais contribuíram para que o rádio perdesse o status elitizado que detinha, pois no meio da programação, interrompiam os programas eruditos e educacionais da época, e faziam com que a classe operária ficasse atenta a promoções dos comércios da época. Percebendo esta mudança, as emissoras passam a adotar linhas de planejamento. Eram eles: desenvolvimento técnico, porte da emissora e popularidade. A educação já não tinha prioridade nas rádios, e o que interessava era a área comercial.O sucesso do rádio foi abraçado por empresários, que aproveitavam o fato do país contar com um elevado número de analfabetos, que não entendiam os antigos folhetos promocionais das empresas, pois não sabiam ler e anunciavam seus produtos pelo rádio, pois todos que escutavam, entendiam.Os primeiros funcionários das rádios foram os programistas, que produziam os programas das grades das emissoras e ainda controlavam a venda de intervalos para anunciantes. Cabia a eles, escrever, produzir e apresentar. Depois deles, vieram às equipes e a reformulação do rádio, com equipamentos mais modernos, maiores recursos, que atendiam a urbanização e industrialização que o país passava naquele período. O rádio passava a ser um meio classificado como formador de opinião, pois já atingia uma grande camada da população.Depois disso o rádio experimenta um processo ainda de maior modernização, abolindo a improvisação. Mas profissionais são contratados, entre eles artistas e produtores. Tudo é estudado e ainda há o cuidado de preparar todo o material com antecedência. A audiência passar a ser um foco e assim surge à figura de ídolos populares. A programação passa a ter um tempo determinado por atração, e a linguagem do rádio, que era mais simples que a mídia impressa, toma gosto popular, sendo facilmente compreendida pelo público comum.A propaganda eleitoral começou também nos anos 30 e em 1.932, com a Revolução Constitucionalista, o rádio teve papel decisivo, pois os comunicadores chamavam o povo para lidar com os movimentos da época, em prol de lutas políticas. O maior nome desta fase foi César Ladeira, da Rádio Record, que inovou no segmento. Foi a emissora de maior audiência, a pioneira na transmissão de propagandas políticas, trazendo os políticos em seus estúdios, e ainda comandou a cadeia de rádios paulistas na Revolução de 32.Liderada pelo empresário Paulo Machado de Carvalho, César Ladeira tinha aval na empresa, e organizou o cast exclusivo para a Record, com ganhos mensais. Para concorrer com a emissora de Carvalho, outras rádios passaram a contratar artistas e orquestras a salários milionários. As rádios pequenas também passaram a visar a concorrência e contratavam profissionais para trabalharem de forma fixa. No resto do país, o modelo Record era imitado pelas rádios que surgiam.O ano de 1.935 foi marcado por uma novidade no mundo do rádio. Em São Paulo, a Rádio Kosmos, que viria a se chamar América, lançava o primeiro programa no rádio, com a participação de uma platéia e seu auditório. Com isso, essa tática ficou vulgar, pois foi imitada no Brasil inteiro. Embora o apelo popular fazia sucesso, surgiu no mesmo ano, a Rádio Jornal do Brasil, do Rio de Janeiro, investiria em informação.No governo Getúlio Vargas, o rádio foi usado de forma autoritária pelo presidente, onde ele falava de suas ações no comando do país, em cadeia nacional. Em 1.934 teve início o programa A voz do Brasil, que existe até hoje, e servia para mostrar o dia-a-dia do governo federal.Em 12 de setembro de 1.936, surgia uma das mais lendárias rádios brasileiras de todos os tempos. Era a Rádio Nacional, também do Rio de Janeiro, que tinha uma administração diferenciada das demais emissoras. Haviam oito divisões especializadas nas produções das atrações e um grande número de funcionários: 10 maestros, 124 músicos, 33 locutores, 55 radialistas, 39 radiatrizes, 52 cantores, 44 cantoras, 18 produtores, 13 repórteres, 24 redatores, 240 funcionários administrativos e quatro secretários de redação. Grande, contava com seis estúdios e um amplo auditório, com capacidade para 500 pessoas, funcionando com dois transmissores para ondas médias e curtas. A inovação era tamanha, que além de transmitida em território nacional, o sinal da emissora pegava na América do Norte, Europa e África.O autoritarismo do governo Vargas culminou em 1.940, quando o líder ordenou que a Rádio Nacional, servisse como um canal de propaganda de sua gestão, afim de conquistar ainda mais a confiança do povo e aumentar sua credibilidade.Nessa época, o principal público que ouvia rádio, era a classe média, que habitava as grandes cidades. Segundo pesquisadores desse período, os ouvintes da época, aprendiam um pouco mais de como era o país, junto com as informações das rádios.A década de 40 ficou marcada também pela época, que ficou conhecida como a “Época de Ouro do rádio brasileiro”. A concorrência entre as emissoras se acirrava cada vez mais, e a briga pela conquista de novos anunciantes e patrocinadores era intensa. Interessadas também nos analfabetos, que eram muitos, as rádios vão ficando mais populares, como até a Rádio Nacional. Outras apostam em atrações bizarras, populares e de baixo nível.Começa aí talvez a primeira guerra de audiência nos meios de comunicação do país, onde as emissoras tinham interesse no faturamento. Todas se popularizam e com isso atraem um número ainda maior de anunciantes para a programação. Surge também uma discussão, que era a concorrência das rádios com os veículos impressos da época.Evidenciando a nova fase popular, a Rádio Nacional, cria a primeira radionovela, no ano de 1.942, que era “Em Busca da Felicidade”. Com o sucesso da trama narrada, outras emissoras também criam novelas, e ocorre uma proliferação da prática nas concorrentes. Para se ter uma idéia, três anos depois, a Rádio Nacional vinculava 14 novelas diárias em sua programação.Com o passar do tempo, as emissoras vão deixando suas programações temáticas. Em 1.947, a paulistana Rádio Panamericana, se volta aos esportes, liderando audiência. Neste período o rádio se torna também mais jornalístico, e surgem programas famosos, que ainda hoje são lembrados, como o “Repórter Esso” e o “Grande Jornal Falado Tupi”.O Repórter Esso, que hoje dá nome até a um importante evento de comunicação do país, surgiu em 1.941, na grade da programação da carioca Rádio Nacional. Sua intenção neste período era detalhar as informações da Segunda Guerra Mundial, que abalava o mundo. O slogan do programa era “testemunha ocular da história”, e durante os 27 anos que esteve no ar, informava o brasileiro com informações precisas e seguras. O programa seguia o padrão dos noticiários transmitidos por rádios dos Estados Unidos, e era preparado pela UPI (United Press International). Depois disso o programa passou a ser exibido também por outras emissoras, e em 1.968 foi extinto. Já a Rádio Tupi exibia oGrande Jornal Falado Tupi, criado por Coripheu de Azevedo Marques (nome importante que até virou avenida em São Paulo), em que seus âncoras opinavam nos fatos, além de darem a informação ao ouvinte.Com o fim da época de ouro do rádio, coincidentemente surge a televisão, que mantém atrações semelhantes aos rádios, como os jornais e as novelas, com a vantagem de serem vistos, além de ouvidos. O rádio ganha um concorrente de peso, e uma das medidas para enfrentar esse novo produto é transmitir uma linguagem mais rápida.Houve uma fase do rádio, que eles foram chamados de vitrolão, com períodos de muita música e poucas atrações no geral. Faturando menos, as rádios passaram também a investir menos, em todos as áreas. As contratações diminuíram, as promoções acabaram e os contratos com artistas foram revisados e alguns não renovados. Em vez do artista no estúdio, o rádio passava a veicular fitas e discos, as novelas foram substituídas por jornais e os programas de auditórios deram espaço às prestações de serviços. O foco nesta época era atender um público regional, local, com informações relevantes a sua cidade, ao bairro onde moram. Era praticamente impossível manter no ar, atrações caras como as de antigamente, e as rádios especialmente nas capitais passam a se dedicar a um eixo temático de informação.Em 1.954, quem inovou foi a Rádio Bandeirantes, de São Paulo, grupo que existe com sucesso até os dias atuais. A emissora se especializou em notícias e foi rapidamente imitada por outras concorrentes. As informações funcionavam da seguinte forma: as notícias pequenas voltavam a cada 15 minutos e em programas maiores, em boletins a cada três minutos.Porém, as novidades da radiodifusão, não veio com as novidades da programação das rádios e sim no segmento eletrônico, com a chegada do transistor, um revolucionador no mercado. Quem inventou esse equipamento foram os norte-americanos John Bardeen, Walter Brattain e William Schockley, ganhadores do Prêmio Nobel de Física, no ano de 1.956. O equipamento era de 1.947, e rendeu ao rádio um aumento no rendimento, pois a partir daquela época o equipamento poderia ser ouvido a qualquer hora do dia e em qualquer ambiente, não precisando mais das tomadas.Pouco antes de 1.960, o rádio já tinha um grande cunho jornalístico, com reportagens e entrevistas ao vivo, mostrando os fatos ao público, muito próximo do exato momento em que ocorriam. Já era possível a realização de entrevistas fora dos estúdios e matérias em plena rua. O avanço da tecnologia, junto com os transmissores móveis, foi possível diminuir de forma considerável, o peso e tamanho dos equipamentos técnicos do rádio, que melhorou, contudo na exibição da programação. Grandes emissoras passam a trabalhar com unidades de comunicação móveis, acompanhando a velocidade do tempo e da informação, e quem não se adequasse a esse período, estaria confinado, como as pequenas emissoras, especialmente do interior do Brasil.Em 1.959, a Rádio Jornal do Brasil, cria um programa de prestação de serviços, que viria a ser copiado por demais emissoras com o passar do tempo. Na atração, o jornalista Reinaldo Jardim, tinha como ação primordial, escutar e dialogar com o público. Os primeiros programas antecessores desse tinham apenas o papel de divulgar casos de achados e perdidos. Foi com a RádioJornal do Brasil, que as informações sobre os bairros e denúncias começaram a ganhar destaque. Seguindo o padrão, a Rádio Panamericana cria um departamento que apenas noticiaria informações sobre a previsão do tempo. Algumas se dedicavam as ofertas de oportunidades de empregos, outras falavam do trânsito e condições das estradas.Diferenciando-se das demais, a carioca Rádio Tamoio, cria uma programação voltada apenas para a área musical, algo que fez escola na década de 60. A Rádio Excelsior segue o trilho da Tamoio e também se volta exclusivamente a música.Nos anos 60, surgem as rádios FM, e ainda neste período, aparece o movimento da conversa do radialista com o ouvinte. A Rádio Panamericana cria o Show da Manhã, em que o ouvinte trocava informações com o locutor, variando de trabalhos escolares, dicas de saúde e receitas de cozinhas. Quase nos anos 70, a emissora se auto-classifica como rádio jornalística e de prestação de serviços. Os repórteres estão nas ruas, acompanhando o movimento dos cidadãos, e a divulgação da notícia, passa a ser exibida no momento em que ela ocorre e não mais em horários pré-determinados.A segmentação passa a ser algo comum nas rádios, tanto que no início dos anos 70, é instalada em São Paulo, a Rádio Mulher, com programação voltada exclusivamente ao público feminino. Sua escola era européia e sua grade tinha como ênfase assuntos ligados a comportamento, moda, beleza, saúde, consumo, horóscopo etc.O IBOPE (Instituto Brasileiro de Opinião Pública e Estatística, passava a medir a classificação do público de cada rádio. Com isso, era possível as emissoras se adequarem conforme seus ouvintes. A partir daí, as potências radiofônicas passam a disputar o público como um todo, variando a programação conforme horário e situação sócio-econômica do ouvinte.Em 1.976, é criada a Radiobrás (Empresa Brasileira de Radiodifusão), com o objetivo de organizar as emissoras, fazer a operação e controlar a radiodifusão do governo, na época em plena ditadura militar.A chamada ajuda das grandes emissoras pequenas ocorreu também nos anos 70, onde as agências de produção radiofônica eram locais onde programas eram produzidos, com assuntos que condiziam com a realidade dos brasileiros naquele momento e também com atrações musicais. Essas produções eram vendidas a emissoras menores, que com a autorização da rádio vendedora, estaria livre para vincular a atração em sua programação.Embora pouca gente saiba, a irregularidade do sistema de radiodifusão no Brasil, sempre existiu, mas na década de 70, as chamadas rádios clandestinas, começaram a dividir as estações com as emissoras regularizadas, chagando até a ganharem força política, envolvidos em movimentos que prezavam a libertação, baseados em países do primeiro mundo. Para se ter uma idéia, na Itália, as rádios livres se popularizam, e ajudaram até na criação de televisões também de formato livre. Um caso que ganhou destaque no Brasil aconteceu no interior de São Paulo, na cidade de Sorocaba, que chegou a abrigar até 42 emissoras piratas de freqüência FM, no ano de 1.982. Manter uma rádio clandestina é crime, previsto com punição de um a dois anos de reclusão, segundo o art. 70 do Decreto-lei número 236 de 28 de fevereiro de 1.967.Em 1.980, surge a Sociedade Central de Rádio, que tinha como meta o enrijecimento da marca rádio (imagem), uma comunicação estratégica com o mercado como um todo, mudança na captação de volume de audiência, uma central de informações e a tentativa de valorização quanto a preço.No início da década de 80, as rádios de São Paulo e Rio de Janeiro, passam a utilizar o CD (compact disc), o que permitiu a todas elas, um registro de todas as freqüências sonoras, separação do estéreo e o fim da distorção e do desgaste do disco.Outra novidade foi o AM estéreo, transmitido por ondas médias com som estéreo, permitiu ao público, sintonizar uma rádio AM, conhecida pelos chiados durante a programação, a ter um som equiparado com a freqüência FM.Ainda nos anos 80, os sistemas de comunicação por satélite, inovam a comunicação do rádio, com o público final, gerando uma programação simultânea e de mesma ordem.Um aspecto importante que ainda hoje sofre preconceito, por ser considerado mais simples do que outros campos da informação, o jornalismo esportivo através do rádio, não possui muitos registros históricos, mas criou-se uma espécie de sensação biônica, onde o ouvinte escuta o jogo de futebol, e pensa como foi o lance narrado com tanta emoção pelo locutor. O rádio esportivo também cadenciou a imagem do repórter esportivo, que informa indo atrás das fontes em pleno espaço de jogo e presta serviço aos torcedores. Porém, é bom ressaltar que além do futebol, o rádio já possui uma larga experiência quando o assunto é esporte. O automobilismo e o boxe sempre estiveram presentes nas ondas do rádio.Hoje, o rádio passa ao ouvinte a informação mais focada no regionalismo. Muitos programas são específicos em tratar os problemas e as notícias daquela cidade, bairro ou rua. A informação do mundo e no país continuam a ser transmitidas, mas dividem espaço com o que ocorre em uma escala menor.Um ponto favorável ao rádio é o fato do seu custo baixo, se comparado aos outros veículos de comunicação. Uma produção radiofônica é mais barata que a televisiva, devido menor tamanho e complexidade. Conseqüentemente, o grande número de ouvintes que recebem as informações através do rádio, faz com que o custo de uma produção caia, fazendo do rádio o meio de comunicação mais simples para o público.O sucesso do rádio se deve também ao imediatismo, ou seja, informações no momento em que elas ocorrem. Até pouco tempo atrás, o rádio era o veículo que informava a população de forma mais ágil. Hoje, apenas a internet é capaz de superar a informação via rádio. Além disso, os radialistas de sucesso sempre fazem de seus programas e narrações, figuras em que o ouvinte imaginará o que estará acontecendo, assim como nos eventos esportivos.Todo o empenho dos profissionais de rádio deve ser mostrado no cartão de visita de qualquer emissora jornalística, que são os boletins informativos. Em poucos minutos, os ouvintes são informados com novas notícias. As informações de um boletim pode ser direta, que informa por exemplo, o aumento da inflação, ou algo mais indireto, que mexa mais com as emoções do ouvinte. O boletim apesar de seu caráter imediato, precisa ser revisado e só deve ir ao ar quando o jornalista tiver a certeza da veracidade dos fatos. A informação deve ser dada com imparcialidade (como rege o bom jornalismo), com um tom claro e consciente.Para uma rádio ter ainda mais sucesso é necessário três itens primordiais: equipamento, profissionais e fontes de informação. As informações são repassadas aos locutores, através da digitação, e cabe a ele também improvisar quando preciso. Ainda faz parte de equipamentos essenciais para um bom trabalho no rádio, os gravadores, onde será captado qualquer informação de uma fonte ou entrevistado, o telefone, que serve para levantar dados de uma pesquisa ou informação e as unidades móveis, que trazem mobilidade de locação a equipe.Quanto aos profissionais há uma diversidade em relação ao número de funcionários conforme o tamanho da emissora, mas os principais das áreas operacionais, são os operadores de áudio e os técnicos eletrônicos. Porém, outras funções possuem papel fundamental numa programação radiofônica, e são encontradas no departamento de jornalismo das emissoras, como o redator, setorista, radioescuta, vários editores, assistentes, pauteiro, repórter, locutor, enviado especial, apresentador, pesquisador entre outros.

Surgimento da Rádio AM

A Rádio Mundial surgiu com este nome por volta de 1954, por ocasião do fechamento do Rádio Clube do Brasil, a primeira emissora do país a transmitir uma Copa do Mundo, em 1938. É interessante notar que o correto era dizer O Rádio Clube do Brasil e não A Rádio Clube...Por motivos financeiros e políticos, Getúlio Vargas fechou a emissora pioneira. Uma campanha de intelectuais e radialistas reivindicou a volta da estação, mas esta retornou com nova direção, agora nas mãos das Organizações Vitor Costa.Numa antiga fita de rolo dos arquivos da Rádio Rio de Janeiro, um trecho de uma transmissão esportiva de um jogo Vasco x Olaria - sem data - na narração de Raul Longras, em que ele dizia "Rádio Mundial - uma emissora das Organizações Vitor Costa. No time do Vasco, segundo a narração jogavam Ademir, Barbosa e outros craques. Mas, na fita, não há lance de gol.Por essa época, a Rádio Mundial também alugava horários. Entre os arrendatários estava Geraldo de Aquino, pioneiro do espiritismo no rádio, fundador da Rádio Rio de Janeiro, razão pela qual a fita se encontrava perdida lá.Por volta de 1959 e 1960, uma campanha entre os espíritas - esses enganados mais tarde - e os membros da LBV, fez com que Alziro Zarur comprasse a Mundial. Os espíritas se cotizaram para ajudar - até financeiramente - as famílias dos funcionários da emissora. Depois, a história conta que Zarur cancelou os programas dos espíritas sem aviso prévio e não lhes devolveu os meses de aluguel que pagaram adiantado. Essa foi uma das razões para a posterior aquisição, em 1971, da Rádio Rio de Janeiro. Por que os espíritas e o pessoal da LBV não se cruzam muito?Anos mais tarde, por volta de 1968/69, Zarur não agüentou o encargo e vendeu a Rádio Mundial ao Sistema Globo.Nos anos 60 e 70, a Mundial era uma das várias AMs cariocas que tinham uma programação predominantemente musical. Nesta época, não havia nenhuma FM legalizada.

As FMs foram legalizadas pelos governos militares a partir da virada dos anos 60 para 70, com o objetivo de minar o prestígio das AMs. Estas, na medida do possível, davam espaço para a oposição e a contestação aos governos ditatoriais e a seus patrocinadores.O Sistema Globo passou a investir pesado na Mundial AM. A virada veio com a chegada do radialista e DJ Big Boy, que assumiu a direção geral da rádio. Big Boy implantou uma programação pop extremamente inteligente e ágil. Uma programação que não deixava de tocar bons nomes da música popular. Por isso, é impossível falar da Mundial AM e do rádio do Rio dos anos 70 sem falar de Big Boy, um dos melhores radialistas da história.O próprio Big Boy apresentou alguns dos melhores e bem-sucedidos programas da Mundial. Neles, ele aproveitava sua experiência como DJ no Rio de Janeiro.Nos Bailes da Pesada promovidos em diversos lugares da cidade, como o Canecão e clubes do subúrbio, Big Boy apresentava as principais novidades da música pop. Nos anos 70, ele ajudou na explosão da black music e do funk original, muito superior ao insosso funk carioca surgido nos anos 80 e 90.

Nos seus programas na Mundial, Big Boy apresentava as mesmas músicas que ele mostrava nos bailes, e ainda fazia mixagens ao vivo, no ar. Sua locução era extremamente original. Um pequeno trecho da locução de Big Boy pode ser conferido na música Mister DJ, da artista Fernanda Abreu.Big Boy também gostava de rock. No dia da morte de Jimi Hendrix, o radialista chorou no ar, no horário do seu programa, enquanto fazia homenagens ao guitarrista. Enquanto isso, nas rádios reacionárias, Jimi Hendrix era tratado apenas como um preto drogado.Seu longo conhecimento de rock permitiu a Big Boy montar a Eldo Pop FM, em 98,1, sem deixar a direção da Mundial.Como a Mundial tinha ouvintes em vários estados, a programação da Mundial AM virou referência para diversas AMs e FMs de todo o Brasil. No Rio, todas as boas FMs de qualidade que surgiram, desde os anos 70 até hoje, devem ao pioneirismo da equipe da Mundial AM. Até outras rádios AM copiavam o modelo da Mundial, a começar pela Excelsior AM 780 de São Paulo, que também era do Sistema Globo.Alguns programas desta fase da Mundial: Agente Oito Meia Zero, Ritmos de Boate, Show dos Bairros, Toca Toca Mundial, Good Night Mundial e Som dos Bailes.
A morte prematura de Big Boy, entre 1976 e 1977, foi uma das maiores tragédias da história do rádio. Até hoje, há quem diga que, se Big Boy estivesse vivo, seria hoje o diretor geral de todo o Sistema Globo de Rádio. Ou, se tivesse ido para a TV Globo, seria o gerente artístico daquela emissora, tendo poder de decisão sobre tudo o que dissesse respeito a música lá. Desde a escalação dos artistas para os programas até as trilhas sonoras. Em conseqüência, influiria também nos CDs de trilha sonora da Som Livre. A história do rádio e da TV brasileira teria sido melhor.A partir da morte de Big Boy, a Mundial começou sua lenta agonia, também por conta do surgimento das FMs. Logo de cara, em 1977, teve que encarar a concorrência da recém-criada Cidade FM.Já na virada dos anos 70 para os 80, a Mundial tinha se tornado uma rádio cheia de sucessos populares, substituindo a linguagem pop. Tudo para tentar levantar a audiência novamente. Mas as vinhetas pop não foram trocadas. Esta situação durou até o fim da emissora. A Mundial AM 860 foi extinta pelo Sistema Globo em 1992. A CBN, que havia sido criada experimentalmente na freqüência AM 1180, foi transferida para os 860 kHz, onde está até hoje.
A TV no Brasil

Destaque: A televisão no Brasil teve sua pré-estréia no dia 03 de Abril de 1950 com a apresentação de Frei José Mojica, mexicano. As imagens não passam do saguão dos Diários Associados na rua 07 de Abril em São Paulo, onde haviam aparelhos de Tv instalados.

No dia 25 de Março , os equipamentos comprados da RCA( Radio Corporation Of America) por Chateaubrand chegam por seus funcionários no porto de Santos.
Do dia 20 à 26 de Julho de 1950 , acontecem transmissões de um Show chamado “ Vídeo Educativo” , no auditório da Faculdade de Medicina de São Paulo.
Em 10 de Setembro de 1950, realiza-se a transmissão pela TV Tupi ( ainda que em fase experimental) de um filme
Assim como aconteceu em outras partes do mundo, o Brasil tornara-se agora , participante de uma nova tecnologia : a da imagem em movimento , através de um veículo bem interessante :a tv. Sendo com isso, o quarto país no mundo a utilizá-la. Além do rádio, que anteriormente revolucionou o campo da comunicação e das primeiras propagandas, passava agora a tv , a ser o centro das atenções dos brasileiros e conseqüentemente da imprensa da época. Criando expectativas e novos projetos, impulsionando assim, o novo caminho da publicidade.
A televisão no Brasil, teve sua pré-estréia no dia 3 de Abril de 1950, com a apresentação de Frei José Mojica. As imagens não passaram do saguão dos Diários Associados, onde haviam alguns aparelhos de tv. Sendo apenas experimental , esse primeiro momento.
A inauguração oficial, aconteceu no dia 18 de Setembro de 1950, com atraso de duas horas, a saber às 22H, em São Paulo. Nascia então, a primeira emissora de tv do Brasil, conhecida como PRF-3 ou como Tv Tupi.
O responsável pela implantação desta emissora no Brasil , foi Assis Chateaubriand, proprietário dos Diários Associados, a maior e mais importante rede brasileira de rádios e jornais da época.
Assim como no rádio, o início foi experimental, marcados pela fase de aprendizagem, tanto na técnica quanto artisticamente . Os recursos eram primários, com o equipamento mínimo suficiente para manter a emissora no ar. Imagem em preto e branco, dependendo das interferências poderiam não exibir com clareza a transmissão. Como era de se esperar houveram outros problemas técnicos comuns naquela época do início de seu desenvolvimento. Como não haviam videoteipes as imagens iam ao ar ao vivo. Logo ,os erros, falhas e esquecimentos eram muito comuns e freqüentes. Tornando os momentos de entretenimento do brasileiro hilários e surpreendentes.
Sabemos que, o que sustentou e o que , sustenta até os dias atuais qualquer emissora de tv é a propaganda, ou seja, os anúncios voltados para a publicidade. As empresas patrocinam determinados programas mediante a apresentação , através de comerciais , vídeos, a exposição de seus produtos divulgando-os para todos os telespectadores, principalmente em horário nobre. Através dos recursos obtidos com essa negociação , as emissoras conseguiram financiamento para investir em equipamentos mais sofisticados e posteriormente investiram na produção do conteúdo exibido na televisão. Aperfeiçoando cada vez mais , sua qualidade de comunicação ,de acordo com as tecnologias da época.
Antes as mensagens publicitárias tinham o objetivo apenas de informar ao seu público produtos ou serviços da época. A partir, desta nova fase , com o surgimento da tv ,as mensagens publicitárias ampliaram sua visão , transmitindo para o público, agora, diversas marcas ,produtos e serviços ,tornando a concorrência super acirrada entre as empresas. A partir daquele momento ,o mercado foi dividido em muitas fatias. Dando lugar a diversificação. Passando ao consumidor o poder e direito da escolha , da análise e de pesquisar o que há de melhor e mais acessível a todos.
A mulher,devido sua beleza e carisma ocupava com sua imagem ,todos os anúncios publicitários. Visto que, a mulher era o público-alvo preferencial da publicidade em geral da época.Ficaram , então conhecidas como garotas -propaganda. A mulher passou a ser o canal de comunicação das agências publicitárias, com sua imagem a mulher demonstrava(vendia) confiança ,credibilidade e satisfação.
Com a iniciante força da comunicação através da tv , as agências publicitárias intensificaram as pesquisas de opinião para conhecer os hábitos de consumo de telespectador e qual o melhor horário para vincular seus produtos, revelando-o ao seu público-alvo. Em 1954, foi criado o IBOPE -Instituto Brasileiro de opinião e Pesquisa , o qual fornecia a audiência das emissoras. Acelerava-se portanto, o fator que viria a se transformar na força dominante da televisão : A publicidade.
A publicidade é sem dúvida , até hoje, a grande coluna que sustenta a televisão brasileira de pé.