quinta-feira, 20 de novembro de 2008

A importância a Radio Am e o surgimento da FM


A Rádio brasileiro chega aos 85 anos com novidades tecnológicas que lhe garantem manter um importante espaço no cardápio da mídia e na vida dos cidadãos. Desde que a primeira transmissão de rádio ocorreu no Brasil, no alto do Corcovado, no Rio, durante as comemorações do Centenário da Independência, muitas coisas mudaram no país e no mundo. O som pioneiro, de tantos chiados, naquele 7 de setembro de 1922 foi do discurso do então presidente Epitácio Pessoa, comprovando que, apesar das mudanças havidas nas décadas seguintes, a política personalista já prevalecia naquele tempo.

A iniciativa de colocar o Brasil no ranking da vanguarda do rádio coube a Edgar Roquette Pinto, que em 1923 lançou a primeira emissora brasileira, a Rádio Sociedade, do Rio. Hoje, em tempos de mensalão e de Café com o presidente, milhares de rádios levam informação, cultura e lazer para milhões de brasileiros, rebatendo previsões de que o surgimento da televisão e da internet acabaria com esse maravilhoso veículo de comunicação.

O rádio, de fato, não acaba: ele se transforma. Transforma-se em todos os sentidos: dos antigos e enormes aparelhos com válvulas dos anos 1930 a 50, que ajudavam os cidadãos brasileiros a acompanhar a transmissão pioneira da Copa do Mundo de 1938 e notícias da Segunda Guerra Mundial, ao pequeno rádio de pilha e ao rádio de automóvel. Como decorrência, as mudanças alcançaram também as técnicas de produção e apresentação, e o estilo dos programas.

O rádio estimula a imaginação. Por isso mesmo, técnicos de som e sonoplastas conseguem milagres com vozes históricas. O rádio brasileiro teve, por exemplo, o tempo das radionovelas e dos programas humorísticos do Rio e de São Paulo, nos anos 1940 e 50, que ajudaram a revelar talentos mais tarde aproveitados na TV. Vão longe os tempos do Repórter Esso, informativo que marcou época. Mas o jornalismo continua vivo no rádio, por mais evidente que seja o critério político de concessão de emissoras e por maior que seja a crise financeira da mídia, responsável pelo enxugamento e empobrecimento de equipes

O rádio AM, em 1985, sofre um duro golpe, tanto pelo esnobismo de adolescentes de classe média, que tinham preconceito a coisas antigas, quanto pela politicagem, através das concessões de rádio e TV promovidas pelo governo de José Sarney a todos aqueles que, políticos ou não, apoiavam o esquema de politicagem da direita brasileira. Assim, muitos donos de rádio FM, que não tinham (nem têm) competência para controlar rádio, acabaram por fazer expandir os arremedos de rádio AM nas FMs, acostumando mal a audiência a ouvir "rádio AM" diluído e em som de FM. Começaram as primeiras queixas sobre o som do rádio AM, de que seu som é ruim pra baixo.

Resta esperar que, concomitante ao avanço tecnológico, o rádio cumpra à risca um papel democrático e patriótico, resistindo à constante tentação de favorecer caciques da comunicação que fabricam mitos e destroem esperanças. O jornalismo faccioso, evidente em algumas coberturas e colunas de jornais e revistas, assim como em programas de TV, é também claramente percebido em determinadas emissoras de rádio.