segunda-feira, 27 de outubro de 2008


A HISTÓRIA DA MANCHETE


A Manchete começou a circular em abril de 1952, um ano depois de Adolpho Bloch ter apresentado o projeto de criação de uma revista a Henrique Pongetti e Raimundo Magalhães Júnior, amigos intelectuais, e a Pedro Bloch, primo e médico foniatra. Imigrante russo naturalizado brasileiro que aqui chegou com a família em 1922, Adolpho Bloch apostava que havia lugar no mercado para mais uma revista de circulação nacional, ou seja, que poderia concorrer com O Cruzeiro. Com base na experiência adquirida nas tipografias da família — na antiga URSS, em Jitomir e Kiev, e no Rio de Janeiro — alicerçava-se nas possibilidades de introduzir inovações editoriais na publicação e aprimoramentos técnicos no equipamento gráfico para vencer o desafio de concorrer com O Cruzeiro. O investimento inicial foi pequeno e o custo de produção era baixo: as máquinas da tipografia da família, ficando ociosas três dias na semana, podiam imprimir edições semanais da Manchete de 200 mil exemplares. Ainda assim, a revista custava o mesmo preço da principal concorrente.
A lucratividade da empresa era surpreendente. Em poucos anos, a Manchete ocupava um prédio próprio na Rua Frei Caneca, no bairro da Lapa, que fica próximo do centro e onde estavam instalados vários jornais e a revista O Cruzeiro. Foram adquiridas máquinas para imprimir 800 mil exemplares semanais e um terreno no subúrbio de Parada de Lucas, onde se construiu o parque gráfico. Inversamente à estratégia de O Cruzeiro de alardear tiragens inacreditáveis, a Manchete não revelava essa informação. A estimativa só pôde ser feita com base no relato de Adolpho Bloch sobre a capacidade das rotativas8.
O investimento em equipamentos e instalações foi simultâneo à reformulação da política editorial de 1956. A mudança abrangeu todos os setores da publicação, transformando a paginação e atualizando o texto, com o objetivo de fornecer ao leitor elementos necessários à compreensão dos acontecimentos. A equipe de redação foi reforçada. Do quadro de jornalistas, redatores e colaboradores — selecionados entre pessoas de destaque no meio intelectual — fizeram parte Carlos Drummond de Andrade, Rubem Braga, Joel Silveira, Orígenes Lessa, Raimundo Magalhães Júnior, Guilherme Figueiredo, Otto Maria Carpeaux, Manuel Bandeira, Fernando Sabino, Antônio Maria, Nelson Rodrigues, Marques Rebello, Paulo Mendes Campos, Lígia Fagundes Telles, Antônio Callado, Sérgio Porto, Ciro dos Anjos, Olegário Mariano, Jânio de Freitas e muitos outros. Jean Manzon, que trabalhou para a Paris Match e O Cruzeiro, foi o principal fotógrafo. Ao seu lado, estiveram Darwin Brandão, Gil Pinheiro, Gervásio Baptista, Fúlvio Roiter, Jader Neves etc.
O primeiro número da Manchete estampava na capa uma bailarina do Theatro Municipal do Rio de Janeiro, e alardeava como exclusividades "Uma grande reportagem de Jean Manzon" e "A verdadeira vida amorosa de Ingrid Bergman". O fundo escuro, contrastando com o dourado de uma carruagem que servia de cenário e com as chamadas emolduradas em vermelho, desagradou ao próprio Bloch9. A revista era pouco atraente: papel de qualidade inferior, diagramação ruim, e a matéria de capa era a única colorida.
Por volta de 1956, com a aquisição de novas impressoras, o padrão gráfico ganhou qualidade. Nahum Sirotsky, que sucedeu a Henrique Pongetti no cargo de editor geral, foi o responsável pelas mudanças. O sucesso ele creditou ao grupo formado por Alberto Dines, Darwin Brandão, Newton Carlos, desenhistas, técnicos e gerentes. O apogeu da Manchete coincidiu com o declínio de O Cruzeiro10 e com a transferência de dezessete jornalistas deste periódico para a Manchete, em 1958, por divergirem da postura ética do proprietário.
Politicamente, a revista se identificava com a corrente desenvolvimentista antiliberal e industrializante11 do pensamento econômico. Adolpho Bloch era amigo e dedicava irrestrito apoio ao governo Juscelino Kubitschek, desde a campanha eleitoral. É de sua autoria o slogan "50 anos em 5", muito embora a sua revista fizesse críticas à política de saúde e educação. Antes dele, João Alberto Lins de Barros foi outro político que teve espaço na publicação. Já O Cruzeiro pendia sempre para posições ideológicas conservadoras — próximas da corrente do pensamento denominada neoliberal —, alimentando verdadeira aversão aos monopólios de Estado, a pretexto de salvaguardar os interesses dos capitais privados nacionais e estrangeiros. Desse modo, Getúlio Vargas era execrado, bem como João Alberto, seu antigo colaborador e presidente do Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas.

A CIÊNCIA EM MANCHETE
Na Manchete não havia uma seção dedicada à ciência — como existia para política, comportamento, cinema, teatro, culinária e outras tantas assinadas — nem tampouco era especializada no assunto. Ciência e tecnologia foram temas de fotorreportagens exclusivas, bem como apareciam em pequenas notas ou nas seções consagradas: "O Brasil em Manchete", "O mundo em Manchete", "O leitor em Manchete", "Notícias que valem Manchete", "Manchetinhas" e "Posto de Escuta". Ainda que nessas seções predominassem notícias sobre concursos e viagens de misses, catástrofes, política e economia, astros e estrelas do cinema e do teatro, há registros da passagem de algum cientista famoso pelo Brasil e de acontecimentos relevantes no campo da ciência. As notícias referiam-se mais a acontecimentos científicos que tiveram lugar em países estrangeiros (58%) do que à incipiente produção científica do país (42%). A disparidade não parece ser tão grande, porque há muitas matérias sobre aplicações da ciência na área da saúde pública.
Os editoriais do período 1952-62 não faziam referência à ciência. O editorial publicado em 5 de fevereiro de 195512, assinado por Henrique Pongetti e intitulado "Ratos no ciclotron" — o desfalque no Projeto dos Sincrociclotrons13 —, foi uma exceção. Porém, a tônica não era o problema da corrupção, o "caso Difini", mas a ameaça que o físico brasileiro Cesar Lattes teria feito de encerrar a sua carreira científica caso o culpado não fosse punido. Apelos emocionados, enumerando as dificuldades financeiras enfrentadas pelo CBPF (Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas) e comparando as carreiras científicas de Lattes e Enrico Fermi caracterizam a opinião da revista.
Num estilo próprio, a revista apropriou-se da linguagem e do discurso do fotojornalismo. As fotografias ocupavam em média 70% das páginas nas fotorreportagens, mas chegavam a ocupar páginas inteiras. Os textos e legendas preenchiam as lacunas entre títulos e subtítulos, fotografias, gráficos, desenhos e quadros que eram inseridos para facilitar a compreensão dos leitores. No estilo literário da época e com um português primoroso, a linguagem dos textos era quase poética e se inspirava na fotografia principal da matéria. Sem perder de vista o caráter informativo e quase didático, as matérias traziam informações sobre a confirmação de fatos científicos e sobre novos artefatos e processos tecnológicos, tais como: medicamentos, vacinas e tratamentos de doenças; biografia de cientistas; atividades de pesquisadores de disciplinas emergentes; avanços tecnocientíficos; inauguração de institutos, laboratórios e instrumentos de pesquisa; congressos científicos e questões de saúde pública. Neste caso, há informações sobre a controvérsia de tratamentos e confronto de opiniões, mas não há nada à respeito das controvérsias de cientistas em seu campo de ação. Estas raramente ultrapassam os domínios exclusivos da ciência, permanecendo na esfera de atuação do laboratório, onde a ciência tem autonomia.
A imagem fotográfica é uma forma particular de comunicação: imagens e texto se complementavam. Ao flagrar acontecimentos, selecionar momentos singulares e registrar o cotidiano, ela provoca de imediato algum tipo de emoção no leitor, podendo ser captada como realidade. A imagem fotográfica encurtava os caminhos da leitura e facilitava a apreensão de informações, haja vista o impacto causado pelas primeiras fotografias de guerra publicadas na imprensa, no início do século XX, e a repercussão das imagens entre civis que nunca haviam estado em um front14. À primeira vista, o discurso de apropriação estética empresta verossimilhança à informação, ampliando a credibilidade do tema abordado e reforçando a confiabilidade no veículo de comunicação. Folheando um exemplar da Manchete, mesmo os analfabetos teriam sido capazes de apreender informações sobre o Sputnik, a criação da Petrobras, a bomba atômica, a vitória no tênis de Maria Esther Bueno, a morte de Getúlio Vargas, etc. Poderiam ainda conferir o luxo de fantasias do carnaval do Rio de Janeiro e deliciar-se com fotos de Sacha Distel e Brigitte Bardot.
A análise dos textos de divulgação científica leva em consideração, além da política editorial, a ética, a fidedignidade das informações, as opções de linguagem e os cuidados na transposição do discurso científico para o discurso jornalístico15. Afora o jornalismo científico não ser uma especialidade nos anos 50, cientistas e jornalistas brasileiros pertenciam ao mesmo grupo social, freqüentando os mesmos ambientes. Mesclavam-se no meio intelectual e na imprensa o cientista estava no mesmo patamar de outras personalidades públicas (políticos, bispos, rainhas, intelectuais, atrizes e jogadores de futebol). Cientistas brasileiros, cujas contribuições passariam à história da ciência, eram tão poucos que não ficavam no anonimato. Não eram, como hoje, integrantes ou coordenadores de grupos de pesquisa experimental e co-autores de trabalhos assinados com dezenas de colegas. Eles próprios, como recorda José Leite Lopes, interferiam na construção da imagem da ciência, visando estreitar o relacionamento cientista-jornalista-público e abreviar o tempo da comunicação. Contrastando com a tendência atual, contribuíam o fato das matérias se centrarem na personalidade e a maior mobilização política dos cientistas.
Cientistas foram capa da Manchete e assunto de chamadas — frases curtas, de efeito e sem rigor na pontuação sobrepostas à fotografia —, o que revelava prestígio na sociedade e, também, que a revista valorizava a atividade científica. Sobremaneira, as imagens de capa mais recorrentes foram as misses, atrizes, vedetes, bailarinas e modelos. Em média, a cada seis capas destacando a mulher, um político era o personagem eleito. Dentre os outros temas contemplados na capa estão a cultura popular (Rei Momo e Papai Noel), moda e crianças.
Na edição da semana de 31 de maio de 1952, a capa era uma foto do Instituto de Manguinhos com a chamada "Manguinhos não é uma torre de marfim." Na semana seguinte, era um cientista ao microscópio e a frase: "Um milhão de cruzeiros por um mosquito." No primeiro número, havia duas matérias sobre ciência. Uma, tratava do dia-a-dia dos cientistas de Manguinhos: condições de trabalho; infra-estrutura; pesquisas em andamento; produção de vacinas; registrava que os cientistas recebiam salários de Cr$3.700,00, e trazia ainda fotografias de Walter Oswaldo Cruz, Olympio da Fonseca, Cassio Miranda, Nogueira Penido, Paulo Muniz e Miguel Ozório. A outra matéria, em cores, apresentava o entomologista Ferreira d’Almeida — dono de coleção de mais de vinte mil borboletas — que, depois de ser carteiro, tornara-se "naturalista auxiliar" do Museu Nacional. Já no número seguinte, em junho, a reportagem de capa tratava da malária — do mosquito transmissor, regiões mais afetadas, número de mortes —, enfatizando a carreira do sanitarista Manuel Ferreira no Serviço Especial de Saúde Pública e na Faculdade Fluminense de Medicina. Publicou-se, ainda no mesmo número, uma reportagem intitulada "Vinte parlamentares médicos à cabeceira do Brasil", com a fotografia 3 x 4 e a identificação do partido político de cada médico que passou à política. Em junho, a revista ainda tratou de questões decorrentes da aplicação da física, da bomba atômica16.
Era evidente o empenho da Manchete na divulgação da ciência, no ano em que começou a circular. Em dois números do mês de julho foram publicadas reportagens sobre ciência ou aplicações da ciência: "A medicina progride. Novas aplicações da eletroterapia"; e "Físicos discutem física", com fotografias de Álvaro Alberto, Arthur Moses, José Leite Lopes e outros no Simpósio sobre Novas Técnicas da Física. O mesmo aconteceu em agosto de 1952 nas reportagens: "As esposas falam de seus maridos famosos" — Martha Lattes ressaltou os hobbies de Cesar Lattes; e "A luta contra a dor. Agora temos a hipo-anestesia. Não se sente e não se vê a broca"17.
O resultado da classificação das reportagens e notas por área do conhecimento confirma a predominância das matérias sobre saúde e biologia, embora tenham sido apresentadas em separado (Quadro 1). Certamente, a prática médica é o assunto de maior apelo no cotidiano das pessoas. A engenharia, por causa das matérias sobre satélites e corrida espacial, aparece em segundo lugar. Sobre a física — então a ciência de fronteira — as matérias estavam vinculadas ao contexto da Guerra Fria e ao uso pacífico da "energia dos átomos". As fotografias eram enormes e sempre acompanhadas de legendas explicativas.
No início da década de 1950, o desenvolvimento das pesquisas sobre a poliomielite e o aumento do número de crianças contagiadas se reflete nos resultados do Quadro 1, nas colunas saúde e biologia. Não obstante a interferência de fatores relacionados à produção científica e a freqüência dos assuntos abordados não apresentar mudanças significativas, no período da reformulação editorial da Manchete (1956) o foco se transfere dos cientistas de maior projeção social para a divulgação das grandes pesquisas científicas, a big science.
À medida que o tempo passava e aumentava a experiências dos editores, Manchete se tornava mais superficial para agradar a mais leitores. Quando se tratava de médicos, valorizava-se o grande especialista, as viagens dos mesmos para congressos eram noticiadas no "Posto de Escuta", e os diretores de hospitais eram citados nominalmente. Aparentemente, havia matéria paga sob o véu de história de instituições médicas ou troca de favores. Neuroses, enfarto e câncer eram consideradas "as três pragas do século"18.
Dois assuntos destacados pela revista tinham grande repercussão na época: a utilização da energia nuclear — devido às discussões sobre o seu uso pacífico, a bomba atômica e a exploração das reservas nacionais de minerais radioativos —, e os programas espaciais soviéticos e americanos. A partir de 1958, foi grande o número de leitores que escreveram para a revista a respeito desses assuntos. O lançamento do Sputnik, em outubro de 1957, incitou sobremaneira o imaginário popular já povoado pela possibilidade de vida extraterrestre, discos-voadores e por heróis do espaço. O russo Yuri Gagárin, o primeiro cosmonauta, protagonizou fotorreportagens de várias páginas da revista, principalmente em sua passagem pelo Brasil. Seu nome e sua imagem correram o mundo e até hoje é citado pela mídia. Virou marca de cigarro na URSS e, no Brasil, inspirou a mãe de Yuri Gagárin da Silva19.
Em "O leitor em Manchete" — seção na qual a revista mantinha um canal aberto com o público leitor — uma carta com o título "Astronáutica russa" é elucidativa:
Algo está destoando na sua revista: o modo como vêm sendo divulgadas as façanhas científicas da URSS e o total desprezo pelos feitos dos EUA, nossos aliados naturais. Enquanto os americanos lançam 28 satélites de comprovado valor científico, cujos resultados são postos à disposição do mundo, a Manchete tem cuidado de publicar, exclusivamente, os pensamentos de cachorros e ratos (n.442) ou as palavras de um futuro astronauta russo (n.443).
Em resposta, assinalou o editor: "Se o leitor verificar mais atentamente, poderá constatar que as reportagens referentes às conquistas espaciais por nós publicadas seguem um estrito critério de imparcialidade." 20
Nos países industrializados da Europa e da América do Norte, a tecnologia desenvolvida para fins bélicos — energia nuclear, radar, mísseis — tanto fortalecia o poder político e militar como era usada para acelerar o ritmo do crescimento da economia. Centralizadas, políticas científicas e tecnológicas passaram a ser formuladas, pretendendo a solução de múltiplos problemas dessas economias. Contudo, a disputa político-ideológica levava os governos soviético e americano a investir maciçamente na publicidade em torno dos avanços científicos em veículos de comunicação de massa de vários países. Manchete acompanhava diretamente esse processo por meio de contrato com as agências internacionais de notícia. Leon Eliachar, de forma satírica, remete ao tema:
O Sputnik veio provar uma coisa: que em matéria de satélites ninguém pode competir com a Rússia. O Vanguard veio provar outra coisa: que em matéria de espaço tanto faz ao americano conquistar a ionosfera como o espaço de um jornal — ambos dão publicidade. O lançamento do Sputnik veio evidenciar que em matéria de astronáutica a ciência russa está mais adiantada do que a americana, o que evidentemente os fará chegar primeiro à Lua. Mas eu não ficarei surpreso se os russos chegarem à Lua e lá encontrarem espalhados cartazes por todos os lados: Sejam bem-vindos. Bebam Coca-cola. 21
Já no Brasil a produção de conhecimentos científicos e de energia nuclear eram tidos como as soluções para superar o atraso crônico da nação e como forma de ostentar a grandeza cultural e o poder político-militar. Aqui, assim como lá, Exército e Marinha foram os primeiros a estreitar os vínculos com os produtores de ciência. Associavam a industrialização e os recursos naturais com política, emancipação econômica e soberania. A despeito da conseqüente emergência das armas nucleares ter quebrado o vínculo entre poder militar e poder econômico, as preocupações do Terceiro Mundo estavam em outro estágio22.
A aliança entre ciência e militares foi a principal responsável pelo aumento da produção científica. Do mesmo modo que não se pode inferir que os militares defendiam a utilização da energia nuclear na produção de eletricidade como mera estratégia técnica, é ingênuo supor que não tivessem interesse na tecnologia dos armamentos nucleares. Já os físicos — Cesar Lattes, Jayme Tiomno, Hugo Camerini, José Leite Lopes e Marcelo Damy, personalidades fotografadas pela Manchete — eram de uma geração em que a guerra condicionou as opções sociais, políticas e filosóficas. Queriam fazer ciência no país.
A publicidade em torno de Cesar Lattes — o físico mais citado — explicita a predisposição dos veículos de informação em selecionar arquétipos capazes de oferecer uma representação de suas áreas de atuação. Como os mitos do cinema e do esporte, a seleção dos eleitos na imprensa não é desinteressada mas depende das relações que se estabelecem entre os campos sociais. No caso da ciência, entretanto, parece não funcionar da mesma forma, pois o próprio Lattes procurou — apesar de tê-la utilizado — desfazer sua imagem mítica quando não mais lhe interessava em O Cruzeiro.
Os critérios utilizados para eleger as dez mais elegantes do ano ou para escolher a mais bela atriz de cinema eram diferentes dos parâmetros empregados pela imprensa para identificar os cientistas mais produtivos. Na reportagem "61 o ano louco", Jaime Tiomno é o destaque do meio científico, pela contribuição à física teórica. Como o seu trabalho sobre o méson K foi considerado relevante pelos seus pares, a Manchete explicou aos leitores: "No campo da ciência, o professor Jaime Tiomno foi o Colombo do méson K, e deu mais um título para o Brasil na empolgante aventura da era atômica. Outro cientista com destacada atuação este ano: Marcelo Damy". Assim, imprimindo a marca do sensacionalismo na divulgação da ciência, a revista ainda destacou que "Na ciência, nos esportes e na música popular surgiram caras novas.

Nenhum comentário: